quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Eu gosto de voce do meu coração


 A vida virtual é uma tragédia, a vida cotidiana então, nem se fala. Pode me chamar de Drama Queen, atriz global, exagerada, o que for. Eu sou mesmo. E minha mente voa como barata, não tem planos de vôo, saí de cima abaixo desgovernada e não tem destino certo de onde pode parar. Uma frase escrita aleatóriamente no MSN desencadeia um turbilhão de pensamentos bipolares. Explico: pensamentos bipolares são aqueles que acham algo maravilho, mas alguns segundos depois levantam medo, ódio, ciúme e angustia; e de repente, volta o pensamento de ilusão "é pra mim".

A pior merda que pode acontecer em não manter um contato face-to-face é essa, de não saber o que é, pra quem é, a quem se refere. E a curiosidade estrondosa que mexe das pontas do cabelo até o dedinho do pé abalam tudo, inclusive as minhas noites de sono, daquelas extremamente conturbadas. A comunicação esporádica e a timidez ao entrar em contato são fatores relevantes, tendo em viste que, se houvesse o minimo de coragem e cara de pau de minha parte, a maneira de encarar os fatos seria muito mais suave e menos dolorida.

As coisas pioram intensamente quando numa noite de sonhos, o Muso reage. Em tal noite ele reagiu, fui atrás, vi a cena do cinema na minha frente, aquela curiosidade, aquele gingado, e no meu sonho era ele. Só no sonho, ele me olhou, reconheceu, veio até mim e eu ouvi daquela boca "eu gosto muito de voce". Houve o beijo que eu sonho há 5 anos que se repita, houve o beijo que há muito tempo eu tento ganhar ao menos em sonhos, e houve a declaração, que hoje em realidade anseio a cada dia poder ouvir.

E quando eu acordo, o sonho é lembrança e a noite perfeita acabou. E eu acordo aflita, angustiada sem motivo aparente. Somente a sensação de que há algo diferente acontecendo, não sei se algo bom ou ruim, mas de fato diferente. Maldito seja o criador do MSN e qualquer outra rede social. Ao acordar aflita naquele dia, sentia urgencia em procurá-lo, de saber qual era a novidade e o que estava acontecendo. Não o chamei, apenas vi sua frase em outra lingua "Eu gosto de voce do meu coração", em tradução livre.

Eu acordei para saber se ele ja tinha alguem, eu acordei com toda a vontade do mundo de perguntar, mas ao me deparar com aquela frase, a cabeça rodopiou, as pernas tremeram e fraquejaram, e eu tive medo de saber a verdade. Do mesmo modo como ocorreu no cinema, a verdade naquele dia doeu, e hoje eu tenho medo imenso de saber, conhecer a vida dele. Falta coragem para encarar a verdade. E após o sonho todo daquela noite, após ouvir em sonho e ver a mesma coisa quando acordo, bate aquela angustia que talvez um dia tenha fim: Quando pode aflorar a verdade?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Escrevi e Não Mandei - Pt. II


Foi assim - Do começo de quase uma década
Eu era ainda uma menina, 13 aninhos na época. Naqueles passeios anuais ao Playcenter promovidos pela escola, com muito custo minha mãe me deixou ir. Lá conheci a amiga de uma amiga da amiga... Enfim! Ficamos amigas! Morávamos perto uma da outra, rolavam aquelas conversinhas casuais de meninas, até surgir o tema "meninos". Eu sempre gostei de garotos branquelos, cabeludos, esquisitos; então esta garota resolveu que eu tinha que conhecer um amigo dela, eu iria adorar. Pronto, meu pé atrás, mas vamos lá. O garoto freqüentava a Gibiteca todos os sábados para jogar RPG. Sábado marcado, lá vamos nós.
Até aí, tudo bem. Eu não fazia a mínima idéia do que era RPG, e nunca soube da existência de uma Gibiteca próxima a minha casa até então. Encontro marcado, as duas presentes, vamos lá - hora de descobrir o que é que acontece. Cheguei ao local, vi um bando de doidos, com roupas pretas, sobretudos e alguns menos esquisitos, correndo pra lá e pra cá, havia também algumas mesas espalhadas, com grupinhos com livros folhas e dados... Eu realmente não sabia o que estava acontecendo. Com aquele corre-corre, aparece o tal amigo. Gente boa, simpático, mas nada que me agradasse; confesso que o que me atraiu ali foi o ambiente, as pessoas diferentes, o bando de doidos. Fui deixando me levar, até que virei mais uma no bando de doidos - freqüentadora assídua.
Não sei como e nem quando, mas lembro que foi ali naquele lugar cheio de gente diferente que eu vi você. A partir de certo momento, eu só via você. Lembro perfeitamente de um dia em que estávamos jogando numa mesa com umas doze pessoas, o seu amigo cabeludo estava mestrando e em uma rodada, o grupo entrou numa caverna, um bicho apareceu, uma parte saiu da caverna, alguns atacaram, outros foram paralisados (inclusive você) e na minha rodada eu tinha q tirar um 6 no dado pra te desencantar. Dado lançado, saiu 6, te salvei. Como naquele tempo todo mundo já sabia da quedinha um pelo outro, houve uma cutucação, uma euforia, um clima de "agora vai"... Mas não foi. Ficou só ali mesmo. Emocionante.
O tempo foi passando e aquele lugar virou segundo plano. Não que eu não gostasse mais de jogar , muito pelo contrario, eu adorava, mas eu preferia muito mais ir ali pra ver o menino dos olhinhos pequenos, que fazia curso de japonês e que tinha o sorriso mais bonito do mundo. Só eu sei o que acontecia comigo quando eu via você por perto... Na verdade, nem sei o que acontecia, mas sim, eu sentia as fabulosas borboletas no estomago. Era impossível segurar o sorriso, e eu sabia, mesmo sem me olhar no espelho, que quando te via a minha expressão mudava. Ali eu aprendi que a gente só consegue esconder o que é tátil. O que vem de dentro da gente, é impossível de controlar.
Em um desses muitos sábados, o pessoal resolveu juntar os trocados e ir ao Playland, no shopping. Saímos de lá e fomos em um bando de adolecentes, daqueles que hoje em dia quando eu vejo na rua, dá até medo.  Aquele monte de meninos, eu e a amiga de meninas. Chegando ao Paço, todo mundo resolveu atravessar a avenida pela passarela - minha tortura. Eu sempre tive medo de altura; não gosto de pontes, viadutos, passarelas... Nada que seja suspenso. Então, como sempre ao meu lado, surgiu você, me puxou pra baixo do seu braço e falou "Vem aqui que não vou te deixar cair. É só não olhar pra baixo... Já tá acabando!". Nada melhor poderia ter acontecido, naquele friozinho, aquela passarela cheia de vãos, só mesmo você pra tentar acalmar uma medrosa com aquele sorriso lindo. Foi a única vez que gostei de atravessar uma passarela.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Persistir no Erro



Tenho um companheiro. Ele de fato não é o Muso, era pra ele ser o homem da minha vida, era pra ele ser meu porto seguro, era pra ele ser o meu protetor, era pra ele ser meu muso eterno. Infelizmente ele não é. Nosso encontro foi turbulentro e atribulado desde o início, os sinais de que talvez nunca dê certo - pois ainda estamos juntos - SEMPRE estiveram na cara, estapados, na minha e na dele. SEMPRE.

Tudo começou errado. Ele namorava há anos e era sócio da ex, eu estava começando a crescer e a cuidar da minha vida, eu namorava só pra falar que tinha um namorado. A ex dele, antes de ser ex, era sua melhor amiga e sempre foi. Coisa que ele me joga na cara até hoje. Joga na cara é modo de dizer, ele "deixa bem claro". O meu ex é passado e quando terminou, pra mim, morreu. Nunca mais mantive contato. Ele, ao contrario de mim, sempre teve contato com ela, mesmo escondido, pelas minhas costas.

Eu sempre fui e sou muito sincera e verdadeira, sempre falei como me sentia, como eu achava que deveria ser, enquanto ele fingia descaradamente e mentia. O problema é que eu sinto cheiro de mentira, e eu busco a verdade, e ele nunca esperou por isso. Eu encontrei a verdade e esfreguei na cara dele. Ele pediu perdão, disse que ia mudar, começou fazer terapia e me pediu mais uma chance. Eu não tenho um bom coração, mas eu dei a chance que ele pediu, por diversas vezes.

Eu não tenho como afirmar que ele de fato me traiu, no sentido biblico da palavra, mas eu tambem não ponho a minha mão no fogo por ele. Traição virtual, mentiras, isso é traição? Não sei, o assunto é polêmico e as opiniões são divididas, e eu estou em cima do muro, tendendo mais para sim do que não. Já discutimos muito este assunto e eu prometi colocar uma pedra sobre isso. Ele, prometeu que nada mais aconteceria de novo. E, por diversas vezes, eu continuo a acreditar.

Quando eu tive coragem, quando eu bati no peito e falei "Eu posso e quero viver sem você", eu olhei nos olhos dele, eu ouvi conselhos que se fossem bons, seriam vendidos em joalherias. Eu abri meu coração para ele mais uma vez e fraquejei. Eu acreditei quando os outros disseram que se fosse outro, não me aguentaria. Eu me transformei, me tornei uma pessoa menos feliz, mais amarga, e continuo até hoje empurrando a minha vida com a barriga. E até isso, até a minha barriga, que era linda, curvilínea, se tornou uma perfeita circunferencia. Foi alí, naquele momento, que eu joguei o meu amor próprio no fundo de um baú e tranquei com um cadeado e joguei o baú no mar.

Já tentei recuperar meu amor próprio, ano passado cheguei muito perto de conseguir mas desde este fato, a vida parece que vem toda torta para eu percorrer. Em algum momento eu esqueci de continuar buscando meu amor próprio e voltei ao zero outra vez. Não vou dizer que a vida ao lado do companheiro é um mar de lama, pois conviver com ele tem sim suas coisas boas, muitas. Mas a parte que remete ao amor, àquela paixão que antes havia, por mais que eu tente recuperar, minhas mãos não alcançam. Por mais que eu queira, hoje nosso relacionamento é de plástico, artifical, sem cheiro, sem vida.

Eu não sei até quando vou persistir nesse erro. Acredito que se não for com o Muso, com qualquer outro vai ser sempre a mesma coisa. Sei que a mudança depende de mim, mas eu não quero mais viver de mentiras. Isso dói, isso atrapalha, isso faz perder muito tempo. Mas eu não sei pra que lado eu devo dar o primeiro passo, estou procurando no escuro a lanterna que antes eu tinha em mãos. Eu me perdi outra vez, mas sinto que não posso mais ficar parada deixando tudo passar. Meu primeiro passo está próximo, eu só preciso do vento para me guiar. Assim que ele soprar, eu me movo para a direção certa e abandono essa vida de erros de uma vez.

sábado, 6 de novembro de 2010

Desabafo Direto

"Pode ser numa canção, pode ser no coração, eu só quero ter você por perto. Eu só quero ter você por perto" (Por Perto - Pato Fu)

Ontem antes de dormir eu comecei a pensar sobre a minha vida, de onde vim, o que eu sempre quis, onde estou agora. Comecei a pensar onde foi que eu me perdi, o que fiz de errado pra estar com tudo de ponta cabeça. Todas as coisas estão no lugar, tenho um bom emprego, ganho mais do que muitos pais de familia, tenho uma certa independencia, mas nada disso me faz de fato ser completamente independente. Não me sinto liberta nas minhas escolhas, não sinto motivo para me alegrar, não sou definitivamente mais a mesma pessoa ha muito tempo. Tempo o suficiente para eu perceber hoje, que definitivamente, eu me perdi em meus proprios caminhos.

Fiquei pensando sobre a minha vida durante boa parte da noite. Quis descobrir o motivo pelo qual eu não saio mais de casa, não cuido mais de mim. Eu era uma menina linda, eu era feliz comigo, eu tinha um corpo belo, esbelto, eu tinha graça nos meus movimentos e meu sorriso sempre estava estampado no meu rosto. Meu genio forte, meu nervosismo, minha teimosia continuam os mesmos, mas hoje é pior, pois eu não tenho mais toda aquela vontade de viver que antes me preenchia. Hoje, aquele brilho que eu tinha nos olhos, aquela ambição por sucesso e realização de vida foi tomado, não sei quando, pela vontade de ter dinheiro o suficiente pra me sustentar e continuar empurrando a vida, e não vivendo.

Hoje, a moça que faz faxina na minha casa, pela primeira vez conversou comigo sobre o que ela sentia, o por que de vir trabalhar na minha casa. Ela não é uma simples mulher que sempre fez faxina a vida inteira. Ela teve uma profissão boa, passou por momentos dificeis e agora está retomando a vida. Hoje ela me disse que Deus falou pra ela vir trabalhar aqui, na minha casa. Eu acredito, pois quando desejei uma faxineira, queria alguem exatamente com o perfil que ela tem, e eu acredito piamente que isto não foi uma coincidencia. Não foi só obra do acaso. Eu sinto que realmente Deus preparou esta situação, por mais que eu não seja uma pessoa religiosa, eu acredito sim no poder do mundo espiritual sobre o mundo material.

Ao conversar com esta mulher, ela olhou pra mim e disse que Deus lhe falou para eu buscar por aquilo que eu havia deixado, para eu voltar atrás. Na hora, a primeira coisa que me ocorreu foi voce. Voce é o unico motivo que eu sinto uma vontade forte de voltar atrás, de arrumar, reparar, consertar toda a situação. O amor que eu sinto por voce é tão imenso, a vontade de ter voce por perto dói tanto, que eu não tenho motivos para pensar em outra retomada que não seja a relação que nós tinhamos antigamente. E ao pensar em dar o primeiro passo em direção a uma parede de concreto a 200km/h, eu tremo, e não consigo, pois o medo é grande. Eu não suportaria jogar tudo pra cima e perder o pouco que tenho hoje.

Pra ter voce em minha vida, eu preciso abrir mão do meu trabalho, eu preciso abrir mão de um relacionamento que ja foi bom um dia, mas hoje se mostra cada vez mais longe de ser algo duradouro e certo, eu preciso me livrar deste corpo que não me pertence, que eu não aceito e que eu comecei a destruir no momento em que eu perdi o rumo e o leme, tenho que colocar a alma em ordem, procurar um modo de acalmar meu espírito pra poder de fato te entregar numa bandeja fina todo o meu amor que voce tem e merece. Antes de qualquer coisa, eu preciso me realinhar, que é pra não entregar pra voce tudo bagunçado de novo, e também pra não te machucar nunca mais. Eu quero seu bem acima de tudo, eu quero voce.

Eu te prometo, do fundo do meu coração que eu vou me preparar. Eu vou colocar cada coisa em seu devido lugar, cada coisa no seu devido tempo e espaço, que é pra poder te receber de braços e coração abertos e te aconchegar com todo o amor que eu tenho por voce nessa vida. Vou me preparar também para receber sua negativa, caso voce não me queira, caso não tenha interesse desse meu amor pra voce. Eu vou encontrar uma forma antecipada de aceitar que hoje voce pode não estar com o seu coração aberto para aceitar o que eu tenho pra te dar. E aí, nossa história fica por conta do tempo, mais uma vez. E eu espero do fundo do meu coração que nossos caminhos não levem mais dez anos para se cruzar de novo. Eu quero que tudo fique bem.

E por hoje, o que tenho pra lhe dizer é isso. Voce sabe, eu te amo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O que Mudou



Algumas vezes eu consigo deixar de pensar no Muso, por alguns instantes. Lembro e o busco todos os dias, mas só pra sentir mais perto, só pra saber que de fato ele está ali. O problema real acontece quando aparece a sua imagem. Eu simplesmente não consigo resistir àquele sorriso. Me bate uma angustia que corrói de dentro pra fora, queima mesmo. Dá vontade de correr atrás daquele sorriso, só pra saber como é que ele está, se continua o mesmo.

Malditas redes sociais que disponibiizam num clic a vida das pessoas. Maldita curiosidade minha, que não permite que eu me afaste, que faz eu abrir as paginas e ver suas fotos, ver aquele sorriso estampado imóvel, maldita curiosidade, que me faz lembrar eternamente que eu escolhi não estar alí ao lado dele, contemplando seu sorriso durante todo esse tempo que tem passado rapido, voando. E eu vejo as fotos e imagino o quanto ele deve estar mudado. Quanto será que mudou?

De pensar nas mudanças, eu me arrepio. Elas existem e estão ali desencarnadas naquele corpo divino. Coragem seria chegar perto e tocar, e descobrir cada mudança que aconteceu. Aquela cabeça maluca é a mesma, mas é outra. Os olhos dele hoje enxergam de maneira diferente, com outra visão; os olhos dele não me enxergam já há tempos. Queria eu entrar com tudo e mudar tudo de novo, mas todos sabem que o que me falta é coragem mesmo. Vou fazer o que com aquilo tudo?

Ouvi uma das minhas frases favoritas em Matrix, não me lembro em qual filme da trilogia. Morpheu diz para Niobe "Some things change, some things never change". O que não muda? Eu queria perguntar à ele, o que é que desde sempre permanece intacto, inviolado, como sempre foi? Eu me arrisco com alguns palpites... Mas seria de extrema pretensão descrever aqui. Além do sorriso, o que eu creio que não muda, eu guardo dentro de mim. É o perfil que eu melhor conheço dele.

Faço uma prece inconciente todos os dias: Que ele não entregue tudo que é dele para outra, pois eu ainda sinto que pode ser meu. Não sei como, mas eu quero ouvir. Eu quero ter certeza que pelo menos uma parte é minha e sempre foi. Quero declaração assinada e registrada em cartório para deixar ao lado da minha cabeceira e olhar todas as noites antes de dormir, e lembrar e sonhar que isso não mudou, essa é a parte que me cabe e que ninguém vai poder ocupar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Omissão

"I know some day you'll have a beatiful life. I know you'll be the Sun in somebody else sky, but why can't be mine?" (Pearl Jam - Black)

Sozinha em casa, quase duas horas da manhã. E tudo o que se passa na minha cabeça é ele. A saudade que eu sinto do sorriso, que eu guardo com carinho, com todo o amor que eu joguei pra cima naquela época... Fica agora tudo na lembrança. Fica a vontade de viver aquilo mais uma vez, fica o som da voz, rodando na minha cabeça, o som daquela gargalhada, o momento de toda a diversão. Vivo a tortura, de me prender no passado, fico pensando se um dia vou ter outra chance, e se serei corajosa o suficiente pra fazer valer a pena.

Acordar todos os dias é um martírio, tentar viver como uma heroína por não chamá-lo, por não procurá-lo. Isso me faz pensar que sou forte, mas na verdade, sou fraca, fraca o suficiente pra não me deixar guiar por o que eu realmente sinto, por me enganar, dia após dia, lutando contra tudo o que eu mais quero. É uma batalha ardilosa, resistir pela busca daquele sorriso, fugir, mesmo que eu já não tenha mais, aqueles braços ao redor da minha cintura. Eu sei bem como é dificil lembrar todos os dias que tudo dependeu da minha decisão, bastava a mim escolher se eu queria ser feliz, bastava a mim saber se deveria me arriscar.

Hoje, eu saio por aí, com os pensamentos me torutrando, afinal, quem poderá contar a historia do que poderia ter sido? Seria essa a historia perfeita? Só eu sei o quanto me dói, qual o peso eu posso levar pelo resto da vida por conta de uma decisão que hoje - não só hoje, mas ha muito tempo - julgo mal tomada. É dificil viver imaginando como será esse sentimento daqui uns 5, 10, 15 anos. Como será minha frustração ao descobrir que ele finalmente encontrou alguem para se deitar todas as noites, para dividir os momentos de alegria e tristeza... Hoje eu não sei como vou reagir. O frio na barriga vai persistir até este dia chegar, e é irremediavel, uma hora, isto vai acontecer.

E eu insisto em não pensar em me preocupar com este dia, o dia em que, definitivamente, o coração dele estará ocupado por outra pessoa, o dia em que seus pensamentos serão tomados pela preocupação em cuidar e zelar por aquela que o fará companhia. talvez ainda me reste alguma esperança de que eu possa ser esta a qual reinará eternamente em seus pensamentos. Minha pretensão é imensa, minha vontade não me deixa mentir. E eu espero que um dia eu mude, me transforme em uma nova pessoa, com mais coragem para determinar minha vida, sem medo dos fantasmas que possam vir me assombrar, sem medos dos julgamentos que enfrentarei.

Um dia, serei grande o bastante para gritar o quanto o amei, o quanto me encanta, e o quanto o quero comigo. Mas me falta a coragem de crescer, de viver com mais frustrações, de ouvir um "não", daquela boca que um dia me falou que eu era aquela que ele queria. Eu tenho medo de olhar nos olhos daquele que um dia eu desprezei, tenho medo de mostrar o que realmente sinto, e receber em troca tudo aquilo que eu dei, ou melhor, aquilo que deixei de dar, o amor que eu tinha preso na alma, o amor que sinto até hoje, e por medo do que poderia ser desse amor, me neguei a entregá-lo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bom Humor


É dificil me fazer sorrir. Vivo ouvindo dos outros que sou uma pessoa amarga, sem senso de humor, de mal com a vida. Pouco me importa o que os outros falam, eu me sinto bem assim, pra que raios eu devo mudar? Algumas pessoas vivem mais e melhor distribuindo sorrisos e gentilezas aos alheios, e eu me pergunto se isso realmente faz bem. Acho que não, simpatias de mais geram desconfortos, desconfortos geram conflitos, e conflitos, as vezes, geram guerras intensas. Me deixa quietinha, por favor.

E é nesse mal humor que me cabe perfeitamente que eu percebo que só ele, com poucas palavras, consegue fazer aparecer um sorriso com todos os dentes a mostra na minha boca. Isso qualquer um percebe, podem até não imaginar porque, mas vêem na minha cara que algo de muito bom aconteceu. Se uma simples frase, proferida pela boca que tem o sorriso mais lindo do mundo, é capaz de me derreter,imagino hoje o que um beijo faria.

Eu volto a imaginar que ele sabe justamente o que eu quero. Eu retomo meus delirios loucos de que ele sabe bem o que se passa na minha cabeça, mas eu não tenho certeza. Eu não sei o que se passa na cabeça dele. Seria engraçado descobrir, vai que a gente pensa a mesma coisa, e agimos do mesmo jeito por pura simbiose. Seria estupendo saber que tudo é recíproco, que sempre foi. Mas eu volto com os pés no chão e paro de imaginar tanto. É melhor não alimentar muito as ilusões.

Se ele soubesse que suas poucas palavras irreverentes e desalinhadas dissipam as nuvens do meu dia, com certeza seu ego inflaria de tal forma, que deixaria tudo a sua volta abafado, cheio de si. É assim que eu me sinto quando ele fala comigo. O mau humor some, e por mais que eu tente ficar com a cara fechada, o sorriso de Monalisa permanece intacto na minha cara. E não adianta eu brigar comigo mesma, o que sinto quabdo ele se pronuncia é muito mais forte do que qualquer mal humor matinal.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Noite de Sono


Sono. Sinto como se um rolo compressor tivesse passado por cima de mim a noite inteira, com indas e vindas infinitas. Doem as costas, doem as pernas, dói o pescoço e também a cabeça. A sensação de cansaço é triste; a vontade de dormir é imensa. Existe coisa pior do que uma noite de sono mal dormida? Deve existir, mas tudo tem seu grau de comparação nesta vida.Uma noite de sono mal dormida, é um dia de festa perdido.

O que te faz ter qualidade no sono, ou sono de qualidade (como melhor preferir)? Não sei, as vezes dormir por 10, 11 ou 12 horas consecutivas não levam a uma noite de sono bem dormida, mas as vezes leva. Eu sinto que preciso dormir, pelo menos, umas 10 horas por dia, pra acordar bem, com as pilhas recarregadas, com vontade de fazer tudo que preciso. Meu limite minimo, são 8 horas por dia, menos que isso, que sejam meros minutos a menos, acabam com tudo.

Quando durmo pouco, eu fico chata, mais do que de costume. meu pouco bom humor se esvai como agua pelo ralo. Minha capacidade de raciocínio fica deveras alterada, debilitada. Sinto uma vontade louca de falar palavrões absurdos para aqueles que conseguem ser mais lentos que eu em dias de sono. É dificil me acostumar com a idéia de que as vezes eu posso ser rapida quando estou com sono. Estou trabalhando minha paciencia. Um dia eu vou pro céus por causa disso.

Acho que a pior coisa de passar o dia inteiro com vontade de dormir, é quando se chega em casa, toma aquele banho gostoso, deita na cama e... E... E... A vontade absurda de dormir vai por ralo abaixo, junto com a agua do chuveiro. Isso sim é realmente triste. Voce mentaliza sua cama quente o dia inteiro, pensa com todo amor do mundo no seu travesseiro fofinho e quando voce sai do banho, o sono vai embora. Simples assim. Mesmo assim, é melhor ficar deitada no escuro, virando de um lado pro outro, tentando pegar no sono.

Eu fico impressionada com a capacidade que algumas pessoas tem de fechar os olhos e apagar, sumir, parecer desencarnadas em tão pouco tempo. O companheiro, com 5 minutos de cafuné já começa a roncar horrores, um sono profundo que dá até inveja. Eu por outro lado, sou metódica até pra conseguir dormir. Nada de barulho. Nada de claridade. Nada de frio. Nada de calor. As condições de temperatura e pressão devem ser perfeitas, se não, tchau sono, beijo me liga.

Apesar de ter vontade, nunca apelei pra farmacia. Eu tomo todos os tipos de remédios, não sou adepta das drogas ilegais, mas aquelas que vendem na farmacia, que vêm com bulas que parecem libros, de tão grandes e cheias de detalhes... Ah! Essas drogas me fascinam. E mesmo assim tomei um comprimido de passiflora por indicação, e nao funcionou nada. Sou muito nova pra me prender em remédios pra dormir. Pelo menos, é o que dizem.

Em compensação, há dias que não estou com sono, mas o cansaço acumulado, o stress diario, as tarefas infinitas que ocupam meu tempo são como um murro com força bem no queixo. Viro a cabecinha de lado na cama e puf! Apago. E para acordar, só com barulho constante e alto, pois eu durmo com protetor auricular. Geralmente, minhas melhores noites de sono ocorrem de sexta para sabado. Deve ser porque o peso da responsabilidade fica de lado, pois sabado é o dia do descanso, ja que domingo tenho que  correr para deixar tudo em ordem para começar segunda feira.

Enquanto os dias vão passado, eu vivo como zumbi. Sonhando acordada - pois dormir bem é luxo - com a sexta feira, que parece que nunca chegar. Enquanto isso vou fazendo meu trabalho, da forma que posso. Deixo passar batido milhares de coisas, deixo de fazer outras milhares, mas continuo firme e forte, as vezes nem tanto assim. Seria lindo se eu conseguisse um emprego noturno, mas enquanto nada disso acontece, eu fico aqui divagando e sonhando, e pensando numa forma de realizar meu maior desejo: Dormir bem todos os dias.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dias Úteis

        

Dias úteis, inúteis. Trabalho tanto de segunda a sexta, que não sei mais nem o que fazer de sabado e domingo. Eu até tento, mas meu corpo, pesado, sonolento, tedioso, prefere ficar na cama e nao sair dali nunca mais. Passo meus dias madrugando, brigando comigo mesma para não me atrasar. Dignidade mandou lembranças. Saio de casa, logo cedo e mal me olho no espelho. Tudo é meticulosamente calculado.

Companheiro me liga e me acorda. "Se arruma, to chegando". Olho o relogio, choramingo, crio coragem e levanto, bom humor pela manhã nunca foi meu forte. A primeira roupa que vejo na frente sempre cai bem. Quando não se tem mais o belo corpo de antigamente, qualquer coisa serve - servir não serve, fica apertado, mas é o que temos para o momento - e corro para escovar os dentes e lavar o rosto.

Aí voce vai trabalhar, agradecendo aos céus por ter um trabalho que quase paga suas contas, mas agradece por 5 minutos. Basta andar 500 metros com o carro, e o maldito congestionamento tá ali. Aquele monte de carro, caminhando a 20km por hora, e o desespero toma conta da sua cabeça. Não há o que fazer, a não ser... se descabelar internamente. E voce ve que perde 2 horas do seu dia somente para chegar ao escritorio. Como se não bastasse, ainda chega atrasada.

Trabalhar é isso. É ter uma vida de corno, daqueles bem chifrudos. É se matar pra fazer tudo e dar o sangue, e ao invés de receber uma promoção, recebe uma regressão. Trabalhar é se stressar, ter um AVC ou um infarto, só porque não consegue resolver o problema dos outros. Eu disse DOS OUTROS. Porque  pra os seus problemas, mal sobra tempo para colocá-los em ordem.

E voce estuda. Voce se mata de estudar, gasta tubos de dinheiro com cursos e especializações, voce ouve que o mercado de trabalho está carente de profissionais especializados. E voce acredita. Tenta ser a mais completa possivel, a funcionaria que vale por 5. E no fim do mes, voce olha pro holerit e pensa "O que CARALHOS falta na minha formação?". Falta parar de ser trouxa e boazinha. Falta se valorizar. E voce arregaça as mangas e luta pelo seu espaço.

E de segunda a sexta (porque eu ME RECUSO a trabalhar de sabado pelo valor que me é pago) a vida é só trabalho, curso e especialização. a vida é comer mal, fora de hora, e de qualquer jeito. Nesse periodo de dias uteis, os meus amigos, os meus melhores amigos, me perdoem. Tenho sido negligente, não tenho ajudado voces, não tenho me divertido. Isso tudo é minha culpa, e desse sistema capitalista, que eu amo e nao largo.

Amigos, salvem meus sabados, e tambem meus domingos. Eu esqueci o que é vida após o trabalho, e só me lembro quando os reencontro. Eu sinto falta de voces, mas nao lembro nem muito bem porque. Sei que eu amo os momentos que passamos juntos, as bebedeiras e choradeiras. E é por isso que eu trabalho. Um dia vou ficar podre de rica, e a vida vai virar festa... E de repente escuto um barulho, uma musiquinha de celular... "Levanta e se arruma, estou chegando.", e começa tudo de novo, ainda é sexta feira...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Indiferença


A gente se trata assim: eu finjo que não te vejo, voce finge que não me ve. E vamos seguindo como se não nos conhecessemos há, pelo menos, uns 10 anos. As vezes, raras por assim dizer, falamos sobre amenidades, falamos sobre o trabalho, e como vai a pós, os cursos... e o coração. Mesmo sendo cheio de novidades, evito me aprofundar, pois o corte é seco. Monossilabas voam pra todos os lados, o desinteresse é visivel, a qualquer um.

Dessa maneira eu vou contando os meses. "Mes que vem eu o chamo, e pergunto como tudo está." e vou protelando... protelando até o dia que voce me chama. De forma curta, simpática, e desleixada. Parece até que não quer nada, mas sabe bem que eu quero. trocamos amenidades, marcamos um chopp e um papo que nunca acontecem, e eu sonho com o dia em que acontecerão. Essa deve ser sua forma de ter contato, ter mais perto. A minha, é a distancia. Mal sabe o medo que me causa.

E nos poucos momentos do ano que voce me chama, eu sinto coragem pra te convidar. Fica sempre o convite, a porta aberta, escancarada. A porta que eu "bati" na sua cara ha 5 anos atras. Foi de propósito, mas não foi pra te menosprezar, ao fazer isso eu me machuquei muito mais que voce. E desde então, ela está aí, a indiferença... Fria, dura, arrogante. Tem um muro de gelo entre os nossos caminhos, mesmo quando eles se cruzam. Eu lembro de ver nos seus olhos a interrogação, voce não entendeu nada...

Desde então eu estou aqui, fingindo indiferença, tentando não me importar com a sua indiferença, que eu nem ao menos sei se é real, ou se voce também finge. Enquanto eu vou perdendo meu tempo, me controlando para não me aproximar, procuro ocupar minha cabeça, trabalhando, ganhando dinheiro, gastando com qualquer coisa, coisas que fazem me distrair e lembrar que a imagem permanece intacta. O ar blasé não pode nunca mudar, o coração tem que aguentar calado, indiferente.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Maleficência



Faz um tempo que sinto duvidas, sobre tudo. Tenho duvidas com relação ao meu trabalho, duvidas sobre meus relacionamentos, sobre as decisões que devo ou não devo tomar. Todo mundo tem seus tempos de duvidas e incertezas, o problema é quando essa fase envolve outras pessoas. Voce pode ter suas duvidas e convicções, mas nunca saberá de fato o que se passa na cabeça da outra pessoa. Voce pode conversar, ouvir o que o outro tem a dizer mas nunca terá certeza se é a verdade que está sendo dita. É neste momento que eu faço tudo entrar em ebulição.

Todo mundo tem fases de crise no relacionamento, eu sou uma pessoa em crise constante. Eu preciso ver o outro lado se mexendo, eu gosto de provocar, de todas as formas para ver reação. Quando eu não vejo nenhum tipo de reação, eu jogo baixo. Eu belisco no lugar que mais dói, eu falo as palavras certas pra poder desestruturar. Eu quero ver o movimento, e se não tenho eu provoco sim um abalo sismico imenso, tão grande e destrutivo como um vulcão, eu provoco isso e faço a pessoa desmoronar de dentro pra fora.

Já fui julgada de má, fria, insensivel, nunca vi ninguem concordar com meus atos. Algumas pessoas admiram esse meu jeito de fazer o mundo ao meu redor se mover, outras simplesmente sentem revolta, pois geralmente eu atinjo aos seus "protegidos" deixando-os em frangalhos. De fato, eu nunca procurei aprovação dos outros. Eu faço por mim, pelo meu prazer, ou para desmoronar com a comodidade alheia, que fica na minha frente como um monte de areia, dificultando o meu fluxo. É, eu gosto mesmo é de desmontar e destroçar tudo aquilo que não se move. Energia parada me dá paúra.

"Voce não tem um bom coração", ja ouvi isso várias vezes, e da mesma boca ja ouvi que eu tenho um senso de justiça incrível. Paradoxo estabelecido: Como pode uma pessoa vil e cruel ser justa? Não consigo enxergar isso. Isto se deve ao fato da minha intensidade, disso eu tenho certeza. Eu não consigo conviver com duvidas e incertezas, de todas as coisas no mundo, estas são as que mais me incomodam. Pessoas não são claras como eu desejo, eu as ataco. Pessoas se acomodam com mentiras, eu as ataco. Pessoas me enganam, eu as ataco. Pessoas tentam me atacar, eu contra-ataco. Isso não faz de mim uma pessoa desalmada.

De fato, eu posso amar muito, eu posso odiar tambem, eu não me importo quem seja, ou qual seja o meu sentimento por determinada pessoa, meu instinto me obriga a explodir montanhas. Muitas vezes eu me culpo por isso e chego quase a acreditar que realmente eu não sou uma boa pessoa, mas eu retomo minha linha de raciocínio e vejo que isso faz as pessoas mudarem, geralmente pra melhor. Eu sou capaz de mudar meu curso de vida e minha rotina por uma pessoa, desde que eu receba uma determinada atitude em troca.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Escrevi e Não Mandei - Pt. I



Vida Fértil - É Fazendo Merda que se Aduba a Vida

O que fiz, do inicio disto que você tem em mãos até a última palavra escrita, pode ser considerada uma das maiores merdas que já fiz em minha vida até hoje, porém, é fazendo merda que se aduba a vida. Agora já está feito e eu tenho plena certeza de que alguma lição eu vou tirar daqui. Não sei se o que vai crescer neste solo é algo que alimente, ou se serão apenas flores. Independente do que seja o adubo está aí, e o que crescer será bem vindo.

Esta narração pode ser longa e cansativa, desgastante, mas também pode ser uma história de cabeceira que você vai ler trechos todas as noites antes de dormir. O estilo romântico marca bem as passagens, tudo meio confuso, um pouco fora de tempo, afinal é muito difícil colocar uma linha do tempo em quase dez anos que ainda estão soltos, meio perdidos por aí. Tudo está sob o meu ponto de vista, é bem possível que você discorde de muitas coisas, ou não.
Eu sempre quis falar o que eu penso, sempre quis que você soubesse tudo o que se passava na minha cabeça, mas é muito difícil falar o que a gente quer pra quem a gente gosta. Ninguém sabe qual é a reação do interlocutor, por mais que as reações físicas, as linguagens corporais se mostrem positivas ou negativas, é impossível saber o que se passa no coração e na mente daqueles que te ouvem. É péssimo viver calado, contando tudo a qualquer um, menos a quem deve saber.
Durante todo este tempo que passou cometi milhares de erros - assim como você, assim como qualquer outra pessoa neste mundo - e com eles eu aprendi a procurar a maneira certa de fazer as coisas. Com os erros que sucederam, eu olho para a minha terra e vejo frutos bons, tanto doces quanto amargos que me mantém erguida, e também vejo flores que só ilustram a paisagem, nada mais. Quero ver o que brotará daqui.

Desejo que você receba esta historia com o coração aberto, livre de qualquer julgamento, livre de mágoas ou até mesmo alegria. O único propósito de fazer isto chegar a suas mãos é encontrar a continuação de tudo isso, afinal, o principal motivo de tudo descrito nas próximas páginas é você. Só peço para que leia, e ao final não veja somente como uma historia, mas também como uma pergunta. Como, onde ou quando responder, só depende de você.

Com carinho,

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Muso




Tenho meu muso, o cara perfeito, o padrão de homem ideal desde meus 13... 14 anos. Não é uma questão de principe encantado montado no cavalo branco, longe disso. Meu muso existe, de fato. Ele é sim muito bonito, tem olhos escuros, moreno, não tão alto, bonito e sensual. É, talvez ele fosse a solução dos meus problemas. Ele tem o sorriso mais lindo que eu ja vi na minha vida. Lá no começo ele me rodeava, me cantava, acompanhava, ele me fazia rir e me divertia horrores. Ele era muito perfeito, nem parecia que era de verdade.

Eu o conheci sem querer. Eu jogava um jogo de mesa (não vem ao caso dizer qual), comecei a jogar pra conhecer um amigo de uma amiga, mas nao rolou nada, não fez meu tipo, mas eu gostei do jogo e fiquei la. Um dia despretencioso, ele apareceu. Me chamou a atenção na hora. Eu sei que eu tambem chamei sua atenção, eu era uma das pouquissimas meninas ali naquele ambiente, mas ele veio na minha direção. Houve atração, e foi recíproca. Ele começou a jogar comigo, com meu grupo todos os sabados, era uma forma de estar junto, era um inicio.

Ele era extremamente divertido, bem relacionado, sociável. Não era o tipo comum, tinha interesses diferentes, via a vida de uma perspectiva diferente. Ele nunca parava, era uma novidade atrás da outra. Eu sempre achei que ele fosse meio maluco, inconstante. Eu tinha um medo absurdo da inconstancia que ele carregava. Era muita coisa, muita informação, muitos lugares, muitos planos... Um coração imenso, cabia tudo ali; a cabeça dava voltas no mundo procurando sempre por algo novo. Ele era divertido, sabia se divertir, sabia divertir.

Com o passar do tempo, foi aumentando o frio na barriga, a ansiedade insana pra se encontrar. Eu não aguentava esperar, a semana passava arrastando e enfim chegava o sabado. Enfim eu podia vê-lo, podia conversar, admirar mais uma vez aquele sorriso maravilhoso. Eu só queria aquela boca cada vez mais perto da minha. E ele vinha, me dava o braço e me acompanhava, Segurava minha mão, ambos suando frio, sabiamos o que se passava na cabeça um do outro. Eu queria a mesma coisa que ele, na mesma intensidade. Mas musos devem ser intactos, observados, amados e admirados. Eu não podia prendê-lo.

Passou um tempo, paramos de jogar. Ele aparecia na minha casa, às vezes como quem não quer nada, às vezes como quem sabe exatamente o que quer. Ele sabia me deixar desconcertada de um jeito que ninguem sabia. Eu ligava pra ele, pra ouvir aquele voz com som de novidade, ouvir aquele sorriso gostoso. Eu gostava de escrever sobre ele, mas nunca contei isso. Um dia ele passou na minha casa, voltando do curso de fotografia. Olhou pra mim e pediu pra não me mexer, tirou uma foto e nunca me mostrou.

Eram nas pequenas coisas que ele me encantava. O jeito que ele se movia e conduzia a vida, nas menores coisas, no mais simples sempre foi o que me chamava a atenção. Eu queria ter ele perto pra poder observar, pra continuar me inspirando, incitar minha criatividade; ele nem imaginava minhas intenções. No fim das contas, nem eu sabia ao certo o que eu queria com ele. Eu sei que eu sentia bem mais que amizade, como uma historia que não tem um fim certo e marcado. Mas ele era meu muso, eu o deixava conduzir, e interferia toda vez que estava proximo. Eu não posso nunca perdê-lo de vista.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lado Esquerdo



Não adianta. Tem dias que a gente acorda certo de que não deve sair da cama. Era uma quarta feira, eu não queria levantar de jeito nenhum mas o dever me chamava. Me olhei no espelho: "Afff... que cara péssima", pensei "vou dar um trato no visual". Não, a preguiça e a vontade impar de não sair de casa não me permitiram criar coragem para me arrumar. "Vou bagunçada mesmo. Foda-se."

Dia de cão no escritório. Esqueci meus óculos. Que infernos de letras de computador! Não enxergava nada, a vista cansada, pedindo arrego. O companheiro informa: "Ganhei dois convites para a inauguração do cinema. Filme e Pipoca na faixa". "Por favor, hoje não!!! Eu estou cega, bagunçada, dolorida, com dor de cabeça... Não...". Ele disse que sairiamos cedo, passariamos na minha casa para eu me arrumar e pegar meus óculos. Como sempre, fui burra de acreditar.

Oito horas da noite. Chegamos ao cinema. Tira foto com o Batman, com o Homem Aranha. Meu Deus, meu humor canino queria destroçar toda aquela gente. Um sentimento de lugar errado, hora errada. Eu era um peixe fora d'água ali. hora de escolher o filme; eu Jean Charles, ele Trama Internacional. Ok, ele ganhou. Enquanto ele ia buscar pipoca, eu ia me sentar e aguardar. Mal sabia eu que a noite do terror estava só começando.

Sala gigante, tela gigante, tudo escuro. Vou sentar lá no fundão, longe de todo mundo. Fui lá e sentei. Casalzinho pegando fogo na minha frente e eu lá, fria que nem sorvete. Inveja, ele podia me chacoalhar assim... Não, não podia. Fiquei observando, eu conhecia aquele gingado, aquele jeito de beijar, de se mexer, de envolver... Eu ja estive ali naqueles braços... Não podia ser, eu me contorcia na cadeira para ter certeza, aquilo não podia estar acontecendo.

O filme, o que passava na tela, passava batido. Meus olhos só viam a cena que eu já vivi, minha mente pensava por que raios eu fui escolher aquele lugar, numa sala tão grande, por que eu aceitei ver aquele filme, com tantos outros bons passando? Eu queria ir embora, olhava insistentemente ao relogio, queria fugir enquanto estava tudo escuro sem ninguem notar. Ele não podia me ver ali, naquelas condições. Não era justo isso. Eu queria dormir na duvida, não precisava ter certeza que era ele.

Alguem passou mal. O filme parou, as luzes se acenderam. Ele levantou e observou curiosamente. Era ele, eu conhecia aquela curiosidade, não havia mudado o jeito depois de anos... Foi meu limite, olhei para o companheiro com ar de inquisidora e bramei "vamos embora AGORA.". Fomos, companheiro com cara de cu, eu com cara de cu. Ao sair olhei pro lado, ele me olhou. Virei a cara e fui embora. Tremia, o estomago na garganta, a cabeça girando. Acabou.

No outro dia, ambos sabiamos o que havia acontecido. Ninguem teve coragem de comentar. Melhor deixar assim, só se machuca quem quer. Fica a lição: Não saia da cama se não estiver bem, nem para comer, nem para ir ao banheiro, nem para respirar. Lembrar de morrer aos poucos abafada nas cobertas. Tentar esquecer o que passou e acreditar que um dia vai dar certo.

Sonhos



Não sei se foi a noite inteira, mas da parte que eu lembro, sonhei só com voce. Noite de descanso agitada, conturbada... Eu procurava seu rosto, ouvia sua voz e voce se escondia. Aparecia tímido na minha frente, olhava rapido e sumia, do nada. Eu ia atras de voce em todos os lugares, na estrada, na escola, no curso, na praça... Voce escapava por entre meus dedos.

Minha inquietação e aflição por buscar por voce me deixavam sentindo como se eu fosse nada, um sentimento de pequeno, não de inferior, mas sentia como se eu fosse tão pequena que não poderia ser notada por voce de novo. Eu só queria aparecer, mostrar pra voce que eu estava ali pra tudo. Acho que demorei de mais e hoje, mesmo em sonho, voce nem percebe isso.

A sua voz me persegue, eu escuto voce me chamar nos sonhos. Escuto claramente, sua voz nitida, acompanhada do seu sorriso - o sorriso mais lindo do mundo. E de que adianta? Eu te procuro e voce foge, voce me despista até nos sonhos. E eu não canso. Vou correr atras de voce sempre, até um dia voce conseguir me ver, enxergar que eu to ali pra voce. Um dia, mesmo em sonhos voce vai me ver e me encarar mais uma vez.

Dizem que os sonhos são lembranças e pensamentos sendo organizados. Eu sei que é muito mais que isso. Eu sei que voce tambem ja sonhou comigo e que foi extremamente real. Um dia eu largo Morpheu e corro atras de voce, acordada, bem viva. Um dia terei força e coragem pra fazer o que eu mais quero na vida. Vou poder olhar nos seus olhos, apreciar seu sorriso e dizer o que sinto, mesmo que não mude nada.

Queria Explicar...

 
"You're in my mind all of the time. I know that's not enough. And if the sky can crack there must be some way back to love and only love" (U2 - Electrical Storm)

Realmente, é extremamente dificil apagar da memoria algumas coisas. Sentir o peso de anos e anos jogados pela janela, e voce vendo o vento levando e carregando pra bem longe, pra longe do alcance das mãos, mas continua as vistas, ao alcance dos olhos... E na realidade o que mais queria era que aquilo tudo continuasse perto, mas eu não podia.

Eu não tinha maturidade o suficiente, eu não tinha paciencia e não era livre. Eu não ia saber como viver com aquela liberdade toda. Eu tinha muito medo, era medo de machucar, de prender e aí eu ia perder o que eu achava mais bonito nele, a liberdade. Como eu poderia lidar com isso? Eram dois mundos muito diferentes e paralelos, eu queria estar junto, com ele, mas não podia.

Quem sufoca um amor, mata. Eu nunca quis apagar aquele brilho, desse modo eu viveria no escuro. Mas eu tambem não consegui falar isso, eu não consegui explicar e foi aí que as coisas tomaram esse rumo. A palavra afiada deixa marcas, mas o silencio leva à insanidade. Onde eu estava com a cabeça quando preferi mentir, omitir o que de fato sentia? A quem eu estava tentando enganar?

Se hoje eu tivesse coragem de falar, e acabar de uma vez por todas com isso. Deixar tudo claro, mesmo que o tempo não volte e que absolutamente nada mude, eu diria que tudo aquilo foi pra te afastar de mim, pra não destruir nossos mundos paralelos, que eu queria mais do que tudo que aquilo acontecesse, mas que eu nao poderia me permitir te prender. Seria injusto. Eu não estava preparada.

Um dia eu vou encontrar uma forma de deixar isso claro. Um dia voce vai saber de fato o que aconteceu e eu sei que voce vai me entender. Voce pode não aceitar, mas estou certa de que vai entender. E aí então eu poderei dormir tranquila e sentir paz, talvez eu até deixe de pensar em voce por tanto tempo. Deixarei de pensar na historia que poderia ter sido. Uma coisa é certa, nunca vou te esquecer.

Pensando...


Estou pensando, desde o ano passado em como aprimorar a escrita. Tambem penso em como expressar, falar, escrever... Vou pensando por aí.

Já se passaram dez ano, e eu to pensando ainda no que falar, no que não falar, no que pode ser e tambem o que não pode ser. Vou seguindo por aí... pensando.

Fica aqui o meu espaço, minha descarga mental. Pode ser que tudo aqui saia da minha cabeça, ou do meu ponto de vista. Ou não. Ainda assim, não deixa de ser meu modo.