quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cartinha


Oi. Tudo bem? Então, faz tempo que te chamo e insisto para colarmos o papo em dia, mas você se recusa, então não me restam opções a não ser escrever e falar tudo por aqui mesmo. Afinal, pra que eu insistiria mais em algo que nunca daria certo mesmo? Que fique claro que não foi por falta de aviso, que não foi por falta de vontade minha. Que fique claro que eu tentei na medida do possivel, e que voce se recusou terminantemente a atender ao meu pedido que talvez, quissá, poderia ter mudado alguma coisa no meio do caminho.

Eu vou me casar. Montei minha vida toda para que isso acontecesse com alguem que gosto muito, e que tambem gosta de mim. Para mim, casamento tem que ser eterno, então, caso algo dê errado no meio do caminho, espero que não seja por um erro meu. Eu poderia não me casar, mas acho que perdi o "timing" que poderia freiar esta minha decisão, agora não dá mais tempo. Foi uma decisão bem dificil, tendo em vista as duvidas e inseguranças que eu tinha, e tambem os tormentos que ja passei nesse relacionamento; tormentos estes que boa parte foram por causa de voce, sua exitencia.

De qualquer forma, não posso seguir em frente enquanto eu não lhe falar tudo. Direto e reto, sem rodeios. Preciso deixar tudo muito claro para assim seguir com o que escolhi pra mim, para eu me sentir bem comigo mesma. Eu sei bem, pode ser que não faça diferença alguma para voce, mas pra mim, só assim posso lavar a alma, com a certeza que não terei mais pendencias comigo mesma e meus pensamentos.

Desde 2005, ultima vez que ficamos juntos, eu sempre penso em voce. Eu sempre quis ficar com voce, sempre gostei de voce, sempre senti sua falta, sempre quis ter algo mais com voce. Geralmente, este tipo de coisa passa, esse tipo de sentimento morre depois de um tempo. Não foi assim que aconteceu comigo. Lembro de algumas pessoas que passaram em minha vida há muito tempo com certo saudosismo, mas não sinto falta alguma destas pessoas. Em compensação, com voce, a história é diferente. Quem foi que disse que eu esqueceria voce um dia?

Entre 2008 e 2010, eu tentei de tudo pra te encontrar. Eu precisava ver voce, tanto fiz, que ao menos te ver eu consegui. Marquei aquela entrevista arriscada aqui na minha empresa, mesmo sabendo que não ia dar em nada, só pra ver voce. Eu consegui, mas mesmo assim, não tive coragem e nem tempo pra dizer rapidamente o que eu sentia, só consegui te dizer o tanto que eu sentia a sua falta. Parece até que voce estremeceu um pouco, só um pouco. E ainda assim continuei insistindo e pedindo para nos vermos, e nada...

Naquela época, da ultima vez que te vi, tentei dizer que queria jogar tudo pro alto se voce aceitasse. Sempre fui acomodada o suficiente para não me arriscar, nem por voce. Eu nunca poderia lidar com a minha dor caso voce me rejeitasse diretamente. Por isso, desisti de correr atras de voce. Mesmo assim, acho que voce percebeu o que eu queria. E digo mais, acho que voce me ignorou somente para "dar o troco", devolver tudo o que fiz com voce. Azar o nosso; insistentemente eu dizia nas entrelinhas o que eu queria, e insistentemente, voce me ignorava.
 
Continua...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Borboletas



Quem nunca sentiu aquelas malditas borboletas voando sem destino dentro do estomago que me crucifique. Eu as sinto, sempre, em períodos inoportunos, em momentos que elas não deveriam nunca sobreviver aos meus sucos gástricos. Já tentei matá-las por diversas vezes, afogando-as em minha gastrite. Mas nem por um minuto as bichinhas deixaram de voar. É sempre assim, quanto mais tento matá-las afogadas, mais as borboletas voam, e mais dor e dor eu sinto, um soco na boca do estomago.

Malditas borboletas, quando penso que está tudo bem, la vem elas de volta encher meu estomago de incertezas e vontades subitas de resolver aquilo que já está solucionado e morto num baú velho, onde tudo deveria ficar esquecido. Malditas borboletas que acordam justamente quando eu paro e penso “bem, agora acabou, posso viver e esquecer que tudo aquilo já se passou. Posso seguir adiante que nada mais afetará meu futuro e meu modo de agir.”, e quando me dou conta, elas acordam enquanto eu durmo e reviram meu estomago, e bagunçam aquele baú velho que jaz esquecido, em estado de decomposição, volta a saltar meus olhos e dizer que ainda há coisas para organizar antes de trancá-lo e jogá-lo fora.

E assim as borboletas reavivam a vontade de tornar a vida como era antes, antes de fazer as escolhas erradas (ou certas, dependendo do ponto de vista), antes de machucar os outros pensando que esta seria a melhor opção para machucá-los menos em um curto prazo para uma longa convivência. Antes mesmo de me machucar mais em um curto prazo, sem saber o tormento que carregaria pelo resto da vida... E dormir com certezas de que tudo passou, hoje é um tormento que acorda as borboletas para mostrar-me que na verdade, as coisas ainda podem mudar. Acorda Amelie, esse seu coração vai ficar seco e duro e vai se quebrar inteiro se deixar a vida passar desse jeito.

Isto que acontece me remete ao mundo das drogas, dos vícios. Uma pessoa que consumia drogas há 10 anos atrás não deixou de ser viciada, deixou somente de consumir aquilo que aparentemente a fazia feliz, e hoje vive um dia após o outro pensando que aquilo lhe fazia mal, mas ainda assim, sente falta, sente vontade de experimentar de novo, de sentir as mesmas sensações daquela época. Porem ela sabe que isso pode destruir sua vida e acabar com tudo. É a mesma sensação que eu sinto, por uma pessoa que eu queria nunca ter encontrado na minha vida, para que hoje eu não sentisse como eu sinto.

As recaídas... Sempre tão cruéis, frias. E quando eu busco pela minha droga, fica a sensação de vazio, a sensação de ter feito a coisa errada ao procurar. E já faz tanto tempo isso, já era até pra ter deixado de existir vestígios, pois nada do que aconteceu, de fato, realmente aconteceu. Tudo não passou de um “se”, e como foi, ficou; e deveria já ter deixado de fazer importância. E eu me pergunto, quando de fato, tudo o que não aconteceu passará a deixar de ter importância? Talvez quando as borboletas morrerem enfim sufocadas, com suas asas corroídas de magoas e vontades, já sem aquele brilho que antes tinham, que tanto me encantavam os olhos em sonhos desesperados que buscavam por ele.