segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Muso




Tenho meu muso, o cara perfeito, o padrão de homem ideal desde meus 13... 14 anos. Não é uma questão de principe encantado montado no cavalo branco, longe disso. Meu muso existe, de fato. Ele é sim muito bonito, tem olhos escuros, moreno, não tão alto, bonito e sensual. É, talvez ele fosse a solução dos meus problemas. Ele tem o sorriso mais lindo que eu ja vi na minha vida. Lá no começo ele me rodeava, me cantava, acompanhava, ele me fazia rir e me divertia horrores. Ele era muito perfeito, nem parecia que era de verdade.

Eu o conheci sem querer. Eu jogava um jogo de mesa (não vem ao caso dizer qual), comecei a jogar pra conhecer um amigo de uma amiga, mas nao rolou nada, não fez meu tipo, mas eu gostei do jogo e fiquei la. Um dia despretencioso, ele apareceu. Me chamou a atenção na hora. Eu sei que eu tambem chamei sua atenção, eu era uma das pouquissimas meninas ali naquele ambiente, mas ele veio na minha direção. Houve atração, e foi recíproca. Ele começou a jogar comigo, com meu grupo todos os sabados, era uma forma de estar junto, era um inicio.

Ele era extremamente divertido, bem relacionado, sociável. Não era o tipo comum, tinha interesses diferentes, via a vida de uma perspectiva diferente. Ele nunca parava, era uma novidade atrás da outra. Eu sempre achei que ele fosse meio maluco, inconstante. Eu tinha um medo absurdo da inconstancia que ele carregava. Era muita coisa, muita informação, muitos lugares, muitos planos... Um coração imenso, cabia tudo ali; a cabeça dava voltas no mundo procurando sempre por algo novo. Ele era divertido, sabia se divertir, sabia divertir.

Com o passar do tempo, foi aumentando o frio na barriga, a ansiedade insana pra se encontrar. Eu não aguentava esperar, a semana passava arrastando e enfim chegava o sabado. Enfim eu podia vê-lo, podia conversar, admirar mais uma vez aquele sorriso maravilhoso. Eu só queria aquela boca cada vez mais perto da minha. E ele vinha, me dava o braço e me acompanhava, Segurava minha mão, ambos suando frio, sabiamos o que se passava na cabeça um do outro. Eu queria a mesma coisa que ele, na mesma intensidade. Mas musos devem ser intactos, observados, amados e admirados. Eu não podia prendê-lo.

Passou um tempo, paramos de jogar. Ele aparecia na minha casa, às vezes como quem não quer nada, às vezes como quem sabe exatamente o que quer. Ele sabia me deixar desconcertada de um jeito que ninguem sabia. Eu ligava pra ele, pra ouvir aquele voz com som de novidade, ouvir aquele sorriso gostoso. Eu gostava de escrever sobre ele, mas nunca contei isso. Um dia ele passou na minha casa, voltando do curso de fotografia. Olhou pra mim e pediu pra não me mexer, tirou uma foto e nunca me mostrou.

Eram nas pequenas coisas que ele me encantava. O jeito que ele se movia e conduzia a vida, nas menores coisas, no mais simples sempre foi o que me chamava a atenção. Eu queria ter ele perto pra poder observar, pra continuar me inspirando, incitar minha criatividade; ele nem imaginava minhas intenções. No fim das contas, nem eu sabia ao certo o que eu queria com ele. Eu sei que eu sentia bem mais que amizade, como uma historia que não tem um fim certo e marcado. Mas ele era meu muso, eu o deixava conduzir, e interferia toda vez que estava proximo. Eu não posso nunca perdê-lo de vista.

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