segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Indiferença


A gente se trata assim: eu finjo que não te vejo, voce finge que não me ve. E vamos seguindo como se não nos conhecessemos há, pelo menos, uns 10 anos. As vezes, raras por assim dizer, falamos sobre amenidades, falamos sobre o trabalho, e como vai a pós, os cursos... e o coração. Mesmo sendo cheio de novidades, evito me aprofundar, pois o corte é seco. Monossilabas voam pra todos os lados, o desinteresse é visivel, a qualquer um.

Dessa maneira eu vou contando os meses. "Mes que vem eu o chamo, e pergunto como tudo está." e vou protelando... protelando até o dia que voce me chama. De forma curta, simpática, e desleixada. Parece até que não quer nada, mas sabe bem que eu quero. trocamos amenidades, marcamos um chopp e um papo que nunca acontecem, e eu sonho com o dia em que acontecerão. Essa deve ser sua forma de ter contato, ter mais perto. A minha, é a distancia. Mal sabe o medo que me causa.

E nos poucos momentos do ano que voce me chama, eu sinto coragem pra te convidar. Fica sempre o convite, a porta aberta, escancarada. A porta que eu "bati" na sua cara ha 5 anos atras. Foi de propósito, mas não foi pra te menosprezar, ao fazer isso eu me machuquei muito mais que voce. E desde então, ela está aí, a indiferença... Fria, dura, arrogante. Tem um muro de gelo entre os nossos caminhos, mesmo quando eles se cruzam. Eu lembro de ver nos seus olhos a interrogação, voce não entendeu nada...

Desde então eu estou aqui, fingindo indiferença, tentando não me importar com a sua indiferença, que eu nem ao menos sei se é real, ou se voce também finge. Enquanto eu vou perdendo meu tempo, me controlando para não me aproximar, procuro ocupar minha cabeça, trabalhando, ganhando dinheiro, gastando com qualquer coisa, coisas que fazem me distrair e lembrar que a imagem permanece intacta. O ar blasé não pode nunca mudar, o coração tem que aguentar calado, indiferente.

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