terça-feira, 31 de agosto de 2010

Escrevi e Não Mandei - Pt. I



Vida Fértil - É Fazendo Merda que se Aduba a Vida

O que fiz, do inicio disto que você tem em mãos até a última palavra escrita, pode ser considerada uma das maiores merdas que já fiz em minha vida até hoje, porém, é fazendo merda que se aduba a vida. Agora já está feito e eu tenho plena certeza de que alguma lição eu vou tirar daqui. Não sei se o que vai crescer neste solo é algo que alimente, ou se serão apenas flores. Independente do que seja o adubo está aí, e o que crescer será bem vindo.

Esta narração pode ser longa e cansativa, desgastante, mas também pode ser uma história de cabeceira que você vai ler trechos todas as noites antes de dormir. O estilo romântico marca bem as passagens, tudo meio confuso, um pouco fora de tempo, afinal é muito difícil colocar uma linha do tempo em quase dez anos que ainda estão soltos, meio perdidos por aí. Tudo está sob o meu ponto de vista, é bem possível que você discorde de muitas coisas, ou não.
Eu sempre quis falar o que eu penso, sempre quis que você soubesse tudo o que se passava na minha cabeça, mas é muito difícil falar o que a gente quer pra quem a gente gosta. Ninguém sabe qual é a reação do interlocutor, por mais que as reações físicas, as linguagens corporais se mostrem positivas ou negativas, é impossível saber o que se passa no coração e na mente daqueles que te ouvem. É péssimo viver calado, contando tudo a qualquer um, menos a quem deve saber.
Durante todo este tempo que passou cometi milhares de erros - assim como você, assim como qualquer outra pessoa neste mundo - e com eles eu aprendi a procurar a maneira certa de fazer as coisas. Com os erros que sucederam, eu olho para a minha terra e vejo frutos bons, tanto doces quanto amargos que me mantém erguida, e também vejo flores que só ilustram a paisagem, nada mais. Quero ver o que brotará daqui.

Desejo que você receba esta historia com o coração aberto, livre de qualquer julgamento, livre de mágoas ou até mesmo alegria. O único propósito de fazer isto chegar a suas mãos é encontrar a continuação de tudo isso, afinal, o principal motivo de tudo descrito nas próximas páginas é você. Só peço para que leia, e ao final não veja somente como uma historia, mas também como uma pergunta. Como, onde ou quando responder, só depende de você.

Com carinho,

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Muso




Tenho meu muso, o cara perfeito, o padrão de homem ideal desde meus 13... 14 anos. Não é uma questão de principe encantado montado no cavalo branco, longe disso. Meu muso existe, de fato. Ele é sim muito bonito, tem olhos escuros, moreno, não tão alto, bonito e sensual. É, talvez ele fosse a solução dos meus problemas. Ele tem o sorriso mais lindo que eu ja vi na minha vida. Lá no começo ele me rodeava, me cantava, acompanhava, ele me fazia rir e me divertia horrores. Ele era muito perfeito, nem parecia que era de verdade.

Eu o conheci sem querer. Eu jogava um jogo de mesa (não vem ao caso dizer qual), comecei a jogar pra conhecer um amigo de uma amiga, mas nao rolou nada, não fez meu tipo, mas eu gostei do jogo e fiquei la. Um dia despretencioso, ele apareceu. Me chamou a atenção na hora. Eu sei que eu tambem chamei sua atenção, eu era uma das pouquissimas meninas ali naquele ambiente, mas ele veio na minha direção. Houve atração, e foi recíproca. Ele começou a jogar comigo, com meu grupo todos os sabados, era uma forma de estar junto, era um inicio.

Ele era extremamente divertido, bem relacionado, sociável. Não era o tipo comum, tinha interesses diferentes, via a vida de uma perspectiva diferente. Ele nunca parava, era uma novidade atrás da outra. Eu sempre achei que ele fosse meio maluco, inconstante. Eu tinha um medo absurdo da inconstancia que ele carregava. Era muita coisa, muita informação, muitos lugares, muitos planos... Um coração imenso, cabia tudo ali; a cabeça dava voltas no mundo procurando sempre por algo novo. Ele era divertido, sabia se divertir, sabia divertir.

Com o passar do tempo, foi aumentando o frio na barriga, a ansiedade insana pra se encontrar. Eu não aguentava esperar, a semana passava arrastando e enfim chegava o sabado. Enfim eu podia vê-lo, podia conversar, admirar mais uma vez aquele sorriso maravilhoso. Eu só queria aquela boca cada vez mais perto da minha. E ele vinha, me dava o braço e me acompanhava, Segurava minha mão, ambos suando frio, sabiamos o que se passava na cabeça um do outro. Eu queria a mesma coisa que ele, na mesma intensidade. Mas musos devem ser intactos, observados, amados e admirados. Eu não podia prendê-lo.

Passou um tempo, paramos de jogar. Ele aparecia na minha casa, às vezes como quem não quer nada, às vezes como quem sabe exatamente o que quer. Ele sabia me deixar desconcertada de um jeito que ninguem sabia. Eu ligava pra ele, pra ouvir aquele voz com som de novidade, ouvir aquele sorriso gostoso. Eu gostava de escrever sobre ele, mas nunca contei isso. Um dia ele passou na minha casa, voltando do curso de fotografia. Olhou pra mim e pediu pra não me mexer, tirou uma foto e nunca me mostrou.

Eram nas pequenas coisas que ele me encantava. O jeito que ele se movia e conduzia a vida, nas menores coisas, no mais simples sempre foi o que me chamava a atenção. Eu queria ter ele perto pra poder observar, pra continuar me inspirando, incitar minha criatividade; ele nem imaginava minhas intenções. No fim das contas, nem eu sabia ao certo o que eu queria com ele. Eu sei que eu sentia bem mais que amizade, como uma historia que não tem um fim certo e marcado. Mas ele era meu muso, eu o deixava conduzir, e interferia toda vez que estava proximo. Eu não posso nunca perdê-lo de vista.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lado Esquerdo



Não adianta. Tem dias que a gente acorda certo de que não deve sair da cama. Era uma quarta feira, eu não queria levantar de jeito nenhum mas o dever me chamava. Me olhei no espelho: "Afff... que cara péssima", pensei "vou dar um trato no visual". Não, a preguiça e a vontade impar de não sair de casa não me permitiram criar coragem para me arrumar. "Vou bagunçada mesmo. Foda-se."

Dia de cão no escritório. Esqueci meus óculos. Que infernos de letras de computador! Não enxergava nada, a vista cansada, pedindo arrego. O companheiro informa: "Ganhei dois convites para a inauguração do cinema. Filme e Pipoca na faixa". "Por favor, hoje não!!! Eu estou cega, bagunçada, dolorida, com dor de cabeça... Não...". Ele disse que sairiamos cedo, passariamos na minha casa para eu me arrumar e pegar meus óculos. Como sempre, fui burra de acreditar.

Oito horas da noite. Chegamos ao cinema. Tira foto com o Batman, com o Homem Aranha. Meu Deus, meu humor canino queria destroçar toda aquela gente. Um sentimento de lugar errado, hora errada. Eu era um peixe fora d'água ali. hora de escolher o filme; eu Jean Charles, ele Trama Internacional. Ok, ele ganhou. Enquanto ele ia buscar pipoca, eu ia me sentar e aguardar. Mal sabia eu que a noite do terror estava só começando.

Sala gigante, tela gigante, tudo escuro. Vou sentar lá no fundão, longe de todo mundo. Fui lá e sentei. Casalzinho pegando fogo na minha frente e eu lá, fria que nem sorvete. Inveja, ele podia me chacoalhar assim... Não, não podia. Fiquei observando, eu conhecia aquele gingado, aquele jeito de beijar, de se mexer, de envolver... Eu ja estive ali naqueles braços... Não podia ser, eu me contorcia na cadeira para ter certeza, aquilo não podia estar acontecendo.

O filme, o que passava na tela, passava batido. Meus olhos só viam a cena que eu já vivi, minha mente pensava por que raios eu fui escolher aquele lugar, numa sala tão grande, por que eu aceitei ver aquele filme, com tantos outros bons passando? Eu queria ir embora, olhava insistentemente ao relogio, queria fugir enquanto estava tudo escuro sem ninguem notar. Ele não podia me ver ali, naquelas condições. Não era justo isso. Eu queria dormir na duvida, não precisava ter certeza que era ele.

Alguem passou mal. O filme parou, as luzes se acenderam. Ele levantou e observou curiosamente. Era ele, eu conhecia aquela curiosidade, não havia mudado o jeito depois de anos... Foi meu limite, olhei para o companheiro com ar de inquisidora e bramei "vamos embora AGORA.". Fomos, companheiro com cara de cu, eu com cara de cu. Ao sair olhei pro lado, ele me olhou. Virei a cara e fui embora. Tremia, o estomago na garganta, a cabeça girando. Acabou.

No outro dia, ambos sabiamos o que havia acontecido. Ninguem teve coragem de comentar. Melhor deixar assim, só se machuca quem quer. Fica a lição: Não saia da cama se não estiver bem, nem para comer, nem para ir ao banheiro, nem para respirar. Lembrar de morrer aos poucos abafada nas cobertas. Tentar esquecer o que passou e acreditar que um dia vai dar certo.

Sonhos



Não sei se foi a noite inteira, mas da parte que eu lembro, sonhei só com voce. Noite de descanso agitada, conturbada... Eu procurava seu rosto, ouvia sua voz e voce se escondia. Aparecia tímido na minha frente, olhava rapido e sumia, do nada. Eu ia atras de voce em todos os lugares, na estrada, na escola, no curso, na praça... Voce escapava por entre meus dedos.

Minha inquietação e aflição por buscar por voce me deixavam sentindo como se eu fosse nada, um sentimento de pequeno, não de inferior, mas sentia como se eu fosse tão pequena que não poderia ser notada por voce de novo. Eu só queria aparecer, mostrar pra voce que eu estava ali pra tudo. Acho que demorei de mais e hoje, mesmo em sonho, voce nem percebe isso.

A sua voz me persegue, eu escuto voce me chamar nos sonhos. Escuto claramente, sua voz nitida, acompanhada do seu sorriso - o sorriso mais lindo do mundo. E de que adianta? Eu te procuro e voce foge, voce me despista até nos sonhos. E eu não canso. Vou correr atras de voce sempre, até um dia voce conseguir me ver, enxergar que eu to ali pra voce. Um dia, mesmo em sonhos voce vai me ver e me encarar mais uma vez.

Dizem que os sonhos são lembranças e pensamentos sendo organizados. Eu sei que é muito mais que isso. Eu sei que voce tambem ja sonhou comigo e que foi extremamente real. Um dia eu largo Morpheu e corro atras de voce, acordada, bem viva. Um dia terei força e coragem pra fazer o que eu mais quero na vida. Vou poder olhar nos seus olhos, apreciar seu sorriso e dizer o que sinto, mesmo que não mude nada.

Queria Explicar...

 
"You're in my mind all of the time. I know that's not enough. And if the sky can crack there must be some way back to love and only love" (U2 - Electrical Storm)

Realmente, é extremamente dificil apagar da memoria algumas coisas. Sentir o peso de anos e anos jogados pela janela, e voce vendo o vento levando e carregando pra bem longe, pra longe do alcance das mãos, mas continua as vistas, ao alcance dos olhos... E na realidade o que mais queria era que aquilo tudo continuasse perto, mas eu não podia.

Eu não tinha maturidade o suficiente, eu não tinha paciencia e não era livre. Eu não ia saber como viver com aquela liberdade toda. Eu tinha muito medo, era medo de machucar, de prender e aí eu ia perder o que eu achava mais bonito nele, a liberdade. Como eu poderia lidar com isso? Eram dois mundos muito diferentes e paralelos, eu queria estar junto, com ele, mas não podia.

Quem sufoca um amor, mata. Eu nunca quis apagar aquele brilho, desse modo eu viveria no escuro. Mas eu tambem não consegui falar isso, eu não consegui explicar e foi aí que as coisas tomaram esse rumo. A palavra afiada deixa marcas, mas o silencio leva à insanidade. Onde eu estava com a cabeça quando preferi mentir, omitir o que de fato sentia? A quem eu estava tentando enganar?

Se hoje eu tivesse coragem de falar, e acabar de uma vez por todas com isso. Deixar tudo claro, mesmo que o tempo não volte e que absolutamente nada mude, eu diria que tudo aquilo foi pra te afastar de mim, pra não destruir nossos mundos paralelos, que eu queria mais do que tudo que aquilo acontecesse, mas que eu nao poderia me permitir te prender. Seria injusto. Eu não estava preparada.

Um dia eu vou encontrar uma forma de deixar isso claro. Um dia voce vai saber de fato o que aconteceu e eu sei que voce vai me entender. Voce pode não aceitar, mas estou certa de que vai entender. E aí então eu poderei dormir tranquila e sentir paz, talvez eu até deixe de pensar em voce por tanto tempo. Deixarei de pensar na historia que poderia ter sido. Uma coisa é certa, nunca vou te esquecer.

Pensando...


Estou pensando, desde o ano passado em como aprimorar a escrita. Tambem penso em como expressar, falar, escrever... Vou pensando por aí.

Já se passaram dez ano, e eu to pensando ainda no que falar, no que não falar, no que pode ser e tambem o que não pode ser. Vou seguindo por aí... pensando.

Fica aqui o meu espaço, minha descarga mental. Pode ser que tudo aqui saia da minha cabeça, ou do meu ponto de vista. Ou não. Ainda assim, não deixa de ser meu modo.