quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O que Mudou



Algumas vezes eu consigo deixar de pensar no Muso, por alguns instantes. Lembro e o busco todos os dias, mas só pra sentir mais perto, só pra saber que de fato ele está ali. O problema real acontece quando aparece a sua imagem. Eu simplesmente não consigo resistir àquele sorriso. Me bate uma angustia que corrói de dentro pra fora, queima mesmo. Dá vontade de correr atrás daquele sorriso, só pra saber como é que ele está, se continua o mesmo.

Malditas redes sociais que disponibiizam num clic a vida das pessoas. Maldita curiosidade minha, que não permite que eu me afaste, que faz eu abrir as paginas e ver suas fotos, ver aquele sorriso estampado imóvel, maldita curiosidade, que me faz lembrar eternamente que eu escolhi não estar alí ao lado dele, contemplando seu sorriso durante todo esse tempo que tem passado rapido, voando. E eu vejo as fotos e imagino o quanto ele deve estar mudado. Quanto será que mudou?

De pensar nas mudanças, eu me arrepio. Elas existem e estão ali desencarnadas naquele corpo divino. Coragem seria chegar perto e tocar, e descobrir cada mudança que aconteceu. Aquela cabeça maluca é a mesma, mas é outra. Os olhos dele hoje enxergam de maneira diferente, com outra visão; os olhos dele não me enxergam já há tempos. Queria eu entrar com tudo e mudar tudo de novo, mas todos sabem que o que me falta é coragem mesmo. Vou fazer o que com aquilo tudo?

Ouvi uma das minhas frases favoritas em Matrix, não me lembro em qual filme da trilogia. Morpheu diz para Niobe "Some things change, some things never change". O que não muda? Eu queria perguntar à ele, o que é que desde sempre permanece intacto, inviolado, como sempre foi? Eu me arrisco com alguns palpites... Mas seria de extrema pretensão descrever aqui. Além do sorriso, o que eu creio que não muda, eu guardo dentro de mim. É o perfil que eu melhor conheço dele.

Faço uma prece inconciente todos os dias: Que ele não entregue tudo que é dele para outra, pois eu ainda sinto que pode ser meu. Não sei como, mas eu quero ouvir. Eu quero ter certeza que pelo menos uma parte é minha e sempre foi. Quero declaração assinada e registrada em cartório para deixar ao lado da minha cabeceira e olhar todas as noites antes de dormir, e lembrar e sonhar que isso não mudou, essa é a parte que me cabe e que ninguém vai poder ocupar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Omissão

"I know some day you'll have a beatiful life. I know you'll be the Sun in somebody else sky, but why can't be mine?" (Pearl Jam - Black)

Sozinha em casa, quase duas horas da manhã. E tudo o que se passa na minha cabeça é ele. A saudade que eu sinto do sorriso, que eu guardo com carinho, com todo o amor que eu joguei pra cima naquela época... Fica agora tudo na lembrança. Fica a vontade de viver aquilo mais uma vez, fica o som da voz, rodando na minha cabeça, o som daquela gargalhada, o momento de toda a diversão. Vivo a tortura, de me prender no passado, fico pensando se um dia vou ter outra chance, e se serei corajosa o suficiente pra fazer valer a pena.

Acordar todos os dias é um martírio, tentar viver como uma heroína por não chamá-lo, por não procurá-lo. Isso me faz pensar que sou forte, mas na verdade, sou fraca, fraca o suficiente pra não me deixar guiar por o que eu realmente sinto, por me enganar, dia após dia, lutando contra tudo o que eu mais quero. É uma batalha ardilosa, resistir pela busca daquele sorriso, fugir, mesmo que eu já não tenha mais, aqueles braços ao redor da minha cintura. Eu sei bem como é dificil lembrar todos os dias que tudo dependeu da minha decisão, bastava a mim escolher se eu queria ser feliz, bastava a mim saber se deveria me arriscar.

Hoje, eu saio por aí, com os pensamentos me torutrando, afinal, quem poderá contar a historia do que poderia ter sido? Seria essa a historia perfeita? Só eu sei o quanto me dói, qual o peso eu posso levar pelo resto da vida por conta de uma decisão que hoje - não só hoje, mas ha muito tempo - julgo mal tomada. É dificil viver imaginando como será esse sentimento daqui uns 5, 10, 15 anos. Como será minha frustração ao descobrir que ele finalmente encontrou alguem para se deitar todas as noites, para dividir os momentos de alegria e tristeza... Hoje eu não sei como vou reagir. O frio na barriga vai persistir até este dia chegar, e é irremediavel, uma hora, isto vai acontecer.

E eu insisto em não pensar em me preocupar com este dia, o dia em que, definitivamente, o coração dele estará ocupado por outra pessoa, o dia em que seus pensamentos serão tomados pela preocupação em cuidar e zelar por aquela que o fará companhia. talvez ainda me reste alguma esperança de que eu possa ser esta a qual reinará eternamente em seus pensamentos. Minha pretensão é imensa, minha vontade não me deixa mentir. E eu espero que um dia eu mude, me transforme em uma nova pessoa, com mais coragem para determinar minha vida, sem medo dos fantasmas que possam vir me assombrar, sem medos dos julgamentos que enfrentarei.

Um dia, serei grande o bastante para gritar o quanto o amei, o quanto me encanta, e o quanto o quero comigo. Mas me falta a coragem de crescer, de viver com mais frustrações, de ouvir um "não", daquela boca que um dia me falou que eu era aquela que ele queria. Eu tenho medo de olhar nos olhos daquele que um dia eu desprezei, tenho medo de mostrar o que realmente sinto, e receber em troca tudo aquilo que eu dei, ou melhor, aquilo que deixei de dar, o amor que eu tinha preso na alma, o amor que sinto até hoje, e por medo do que poderia ser desse amor, me neguei a entregá-lo.