quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bom Humor


É dificil me fazer sorrir. Vivo ouvindo dos outros que sou uma pessoa amarga, sem senso de humor, de mal com a vida. Pouco me importa o que os outros falam, eu me sinto bem assim, pra que raios eu devo mudar? Algumas pessoas vivem mais e melhor distribuindo sorrisos e gentilezas aos alheios, e eu me pergunto se isso realmente faz bem. Acho que não, simpatias de mais geram desconfortos, desconfortos geram conflitos, e conflitos, as vezes, geram guerras intensas. Me deixa quietinha, por favor.

E é nesse mal humor que me cabe perfeitamente que eu percebo que só ele, com poucas palavras, consegue fazer aparecer um sorriso com todos os dentes a mostra na minha boca. Isso qualquer um percebe, podem até não imaginar porque, mas vêem na minha cara que algo de muito bom aconteceu. Se uma simples frase, proferida pela boca que tem o sorriso mais lindo do mundo, é capaz de me derreter,imagino hoje o que um beijo faria.

Eu volto a imaginar que ele sabe justamente o que eu quero. Eu retomo meus delirios loucos de que ele sabe bem o que se passa na minha cabeça, mas eu não tenho certeza. Eu não sei o que se passa na cabeça dele. Seria engraçado descobrir, vai que a gente pensa a mesma coisa, e agimos do mesmo jeito por pura simbiose. Seria estupendo saber que tudo é recíproco, que sempre foi. Mas eu volto com os pés no chão e paro de imaginar tanto. É melhor não alimentar muito as ilusões.

Se ele soubesse que suas poucas palavras irreverentes e desalinhadas dissipam as nuvens do meu dia, com certeza seu ego inflaria de tal forma, que deixaria tudo a sua volta abafado, cheio de si. É assim que eu me sinto quando ele fala comigo. O mau humor some, e por mais que eu tente ficar com a cara fechada, o sorriso de Monalisa permanece intacto na minha cara. E não adianta eu brigar comigo mesma, o que sinto quabdo ele se pronuncia é muito mais forte do que qualquer mal humor matinal.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Noite de Sono


Sono. Sinto como se um rolo compressor tivesse passado por cima de mim a noite inteira, com indas e vindas infinitas. Doem as costas, doem as pernas, dói o pescoço e também a cabeça. A sensação de cansaço é triste; a vontade de dormir é imensa. Existe coisa pior do que uma noite de sono mal dormida? Deve existir, mas tudo tem seu grau de comparação nesta vida.Uma noite de sono mal dormida, é um dia de festa perdido.

O que te faz ter qualidade no sono, ou sono de qualidade (como melhor preferir)? Não sei, as vezes dormir por 10, 11 ou 12 horas consecutivas não levam a uma noite de sono bem dormida, mas as vezes leva. Eu sinto que preciso dormir, pelo menos, umas 10 horas por dia, pra acordar bem, com as pilhas recarregadas, com vontade de fazer tudo que preciso. Meu limite minimo, são 8 horas por dia, menos que isso, que sejam meros minutos a menos, acabam com tudo.

Quando durmo pouco, eu fico chata, mais do que de costume. meu pouco bom humor se esvai como agua pelo ralo. Minha capacidade de raciocínio fica deveras alterada, debilitada. Sinto uma vontade louca de falar palavrões absurdos para aqueles que conseguem ser mais lentos que eu em dias de sono. É dificil me acostumar com a idéia de que as vezes eu posso ser rapida quando estou com sono. Estou trabalhando minha paciencia. Um dia eu vou pro céus por causa disso.

Acho que a pior coisa de passar o dia inteiro com vontade de dormir, é quando se chega em casa, toma aquele banho gostoso, deita na cama e... E... E... A vontade absurda de dormir vai por ralo abaixo, junto com a agua do chuveiro. Isso sim é realmente triste. Voce mentaliza sua cama quente o dia inteiro, pensa com todo amor do mundo no seu travesseiro fofinho e quando voce sai do banho, o sono vai embora. Simples assim. Mesmo assim, é melhor ficar deitada no escuro, virando de um lado pro outro, tentando pegar no sono.

Eu fico impressionada com a capacidade que algumas pessoas tem de fechar os olhos e apagar, sumir, parecer desencarnadas em tão pouco tempo. O companheiro, com 5 minutos de cafuné já começa a roncar horrores, um sono profundo que dá até inveja. Eu por outro lado, sou metódica até pra conseguir dormir. Nada de barulho. Nada de claridade. Nada de frio. Nada de calor. As condições de temperatura e pressão devem ser perfeitas, se não, tchau sono, beijo me liga.

Apesar de ter vontade, nunca apelei pra farmacia. Eu tomo todos os tipos de remédios, não sou adepta das drogas ilegais, mas aquelas que vendem na farmacia, que vêm com bulas que parecem libros, de tão grandes e cheias de detalhes... Ah! Essas drogas me fascinam. E mesmo assim tomei um comprimido de passiflora por indicação, e nao funcionou nada. Sou muito nova pra me prender em remédios pra dormir. Pelo menos, é o que dizem.

Em compensação, há dias que não estou com sono, mas o cansaço acumulado, o stress diario, as tarefas infinitas que ocupam meu tempo são como um murro com força bem no queixo. Viro a cabecinha de lado na cama e puf! Apago. E para acordar, só com barulho constante e alto, pois eu durmo com protetor auricular. Geralmente, minhas melhores noites de sono ocorrem de sexta para sabado. Deve ser porque o peso da responsabilidade fica de lado, pois sabado é o dia do descanso, ja que domingo tenho que  correr para deixar tudo em ordem para começar segunda feira.

Enquanto os dias vão passado, eu vivo como zumbi. Sonhando acordada - pois dormir bem é luxo - com a sexta feira, que parece que nunca chegar. Enquanto isso vou fazendo meu trabalho, da forma que posso. Deixo passar batido milhares de coisas, deixo de fazer outras milhares, mas continuo firme e forte, as vezes nem tanto assim. Seria lindo se eu conseguisse um emprego noturno, mas enquanto nada disso acontece, eu fico aqui divagando e sonhando, e pensando numa forma de realizar meu maior desejo: Dormir bem todos os dias.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dias Úteis

        

Dias úteis, inúteis. Trabalho tanto de segunda a sexta, que não sei mais nem o que fazer de sabado e domingo. Eu até tento, mas meu corpo, pesado, sonolento, tedioso, prefere ficar na cama e nao sair dali nunca mais. Passo meus dias madrugando, brigando comigo mesma para não me atrasar. Dignidade mandou lembranças. Saio de casa, logo cedo e mal me olho no espelho. Tudo é meticulosamente calculado.

Companheiro me liga e me acorda. "Se arruma, to chegando". Olho o relogio, choramingo, crio coragem e levanto, bom humor pela manhã nunca foi meu forte. A primeira roupa que vejo na frente sempre cai bem. Quando não se tem mais o belo corpo de antigamente, qualquer coisa serve - servir não serve, fica apertado, mas é o que temos para o momento - e corro para escovar os dentes e lavar o rosto.

Aí voce vai trabalhar, agradecendo aos céus por ter um trabalho que quase paga suas contas, mas agradece por 5 minutos. Basta andar 500 metros com o carro, e o maldito congestionamento tá ali. Aquele monte de carro, caminhando a 20km por hora, e o desespero toma conta da sua cabeça. Não há o que fazer, a não ser... se descabelar internamente. E voce ve que perde 2 horas do seu dia somente para chegar ao escritorio. Como se não bastasse, ainda chega atrasada.

Trabalhar é isso. É ter uma vida de corno, daqueles bem chifrudos. É se matar pra fazer tudo e dar o sangue, e ao invés de receber uma promoção, recebe uma regressão. Trabalhar é se stressar, ter um AVC ou um infarto, só porque não consegue resolver o problema dos outros. Eu disse DOS OUTROS. Porque  pra os seus problemas, mal sobra tempo para colocá-los em ordem.

E voce estuda. Voce se mata de estudar, gasta tubos de dinheiro com cursos e especializações, voce ouve que o mercado de trabalho está carente de profissionais especializados. E voce acredita. Tenta ser a mais completa possivel, a funcionaria que vale por 5. E no fim do mes, voce olha pro holerit e pensa "O que CARALHOS falta na minha formação?". Falta parar de ser trouxa e boazinha. Falta se valorizar. E voce arregaça as mangas e luta pelo seu espaço.

E de segunda a sexta (porque eu ME RECUSO a trabalhar de sabado pelo valor que me é pago) a vida é só trabalho, curso e especialização. a vida é comer mal, fora de hora, e de qualquer jeito. Nesse periodo de dias uteis, os meus amigos, os meus melhores amigos, me perdoem. Tenho sido negligente, não tenho ajudado voces, não tenho me divertido. Isso tudo é minha culpa, e desse sistema capitalista, que eu amo e nao largo.

Amigos, salvem meus sabados, e tambem meus domingos. Eu esqueci o que é vida após o trabalho, e só me lembro quando os reencontro. Eu sinto falta de voces, mas nao lembro nem muito bem porque. Sei que eu amo os momentos que passamos juntos, as bebedeiras e choradeiras. E é por isso que eu trabalho. Um dia vou ficar podre de rica, e a vida vai virar festa... E de repente escuto um barulho, uma musiquinha de celular... "Levanta e se arruma, estou chegando.", e começa tudo de novo, ainda é sexta feira...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Indiferença


A gente se trata assim: eu finjo que não te vejo, voce finge que não me ve. E vamos seguindo como se não nos conhecessemos há, pelo menos, uns 10 anos. As vezes, raras por assim dizer, falamos sobre amenidades, falamos sobre o trabalho, e como vai a pós, os cursos... e o coração. Mesmo sendo cheio de novidades, evito me aprofundar, pois o corte é seco. Monossilabas voam pra todos os lados, o desinteresse é visivel, a qualquer um.

Dessa maneira eu vou contando os meses. "Mes que vem eu o chamo, e pergunto como tudo está." e vou protelando... protelando até o dia que voce me chama. De forma curta, simpática, e desleixada. Parece até que não quer nada, mas sabe bem que eu quero. trocamos amenidades, marcamos um chopp e um papo que nunca acontecem, e eu sonho com o dia em que acontecerão. Essa deve ser sua forma de ter contato, ter mais perto. A minha, é a distancia. Mal sabe o medo que me causa.

E nos poucos momentos do ano que voce me chama, eu sinto coragem pra te convidar. Fica sempre o convite, a porta aberta, escancarada. A porta que eu "bati" na sua cara ha 5 anos atras. Foi de propósito, mas não foi pra te menosprezar, ao fazer isso eu me machuquei muito mais que voce. E desde então, ela está aí, a indiferença... Fria, dura, arrogante. Tem um muro de gelo entre os nossos caminhos, mesmo quando eles se cruzam. Eu lembro de ver nos seus olhos a interrogação, voce não entendeu nada...

Desde então eu estou aqui, fingindo indiferença, tentando não me importar com a sua indiferença, que eu nem ao menos sei se é real, ou se voce também finge. Enquanto eu vou perdendo meu tempo, me controlando para não me aproximar, procuro ocupar minha cabeça, trabalhando, ganhando dinheiro, gastando com qualquer coisa, coisas que fazem me distrair e lembrar que a imagem permanece intacta. O ar blasé não pode nunca mudar, o coração tem que aguentar calado, indiferente.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Maleficência



Faz um tempo que sinto duvidas, sobre tudo. Tenho duvidas com relação ao meu trabalho, duvidas sobre meus relacionamentos, sobre as decisões que devo ou não devo tomar. Todo mundo tem seus tempos de duvidas e incertezas, o problema é quando essa fase envolve outras pessoas. Voce pode ter suas duvidas e convicções, mas nunca saberá de fato o que se passa na cabeça da outra pessoa. Voce pode conversar, ouvir o que o outro tem a dizer mas nunca terá certeza se é a verdade que está sendo dita. É neste momento que eu faço tudo entrar em ebulição.

Todo mundo tem fases de crise no relacionamento, eu sou uma pessoa em crise constante. Eu preciso ver o outro lado se mexendo, eu gosto de provocar, de todas as formas para ver reação. Quando eu não vejo nenhum tipo de reação, eu jogo baixo. Eu belisco no lugar que mais dói, eu falo as palavras certas pra poder desestruturar. Eu quero ver o movimento, e se não tenho eu provoco sim um abalo sismico imenso, tão grande e destrutivo como um vulcão, eu provoco isso e faço a pessoa desmoronar de dentro pra fora.

Já fui julgada de má, fria, insensivel, nunca vi ninguem concordar com meus atos. Algumas pessoas admiram esse meu jeito de fazer o mundo ao meu redor se mover, outras simplesmente sentem revolta, pois geralmente eu atinjo aos seus "protegidos" deixando-os em frangalhos. De fato, eu nunca procurei aprovação dos outros. Eu faço por mim, pelo meu prazer, ou para desmoronar com a comodidade alheia, que fica na minha frente como um monte de areia, dificultando o meu fluxo. É, eu gosto mesmo é de desmontar e destroçar tudo aquilo que não se move. Energia parada me dá paúra.

"Voce não tem um bom coração", ja ouvi isso várias vezes, e da mesma boca ja ouvi que eu tenho um senso de justiça incrível. Paradoxo estabelecido: Como pode uma pessoa vil e cruel ser justa? Não consigo enxergar isso. Isto se deve ao fato da minha intensidade, disso eu tenho certeza. Eu não consigo conviver com duvidas e incertezas, de todas as coisas no mundo, estas são as que mais me incomodam. Pessoas não são claras como eu desejo, eu as ataco. Pessoas se acomodam com mentiras, eu as ataco. Pessoas me enganam, eu as ataco. Pessoas tentam me atacar, eu contra-ataco. Isso não faz de mim uma pessoa desalmada.

De fato, eu posso amar muito, eu posso odiar tambem, eu não me importo quem seja, ou qual seja o meu sentimento por determinada pessoa, meu instinto me obriga a explodir montanhas. Muitas vezes eu me culpo por isso e chego quase a acreditar que realmente eu não sou uma boa pessoa, mas eu retomo minha linha de raciocínio e vejo que isso faz as pessoas mudarem, geralmente pra melhor. Eu sou capaz de mudar meu curso de vida e minha rotina por uma pessoa, desde que eu receba uma determinada atitude em troca.