domingo, 23 de janeiro de 2011

Ao Dormir


Durante o dia eu tento ocupar a minha cabeça com tudo o que posso. Penso em trabalho, clientes, soluções, dinheiro, deixo a minha agenda recheada de tarefas e pendencias para passar um dia corrido com a cabeça cheia de coisas para resolver. Mente vazia é oficina do Diabo. Eu que o diga. Talvez de Muso eu passe a te chamar de Diabo. Até que o nome lhe cai bem.

Finais de semana prolongados se tornam dias de tortura, já que não tenho as preocupações corriqueiras do escritório para resolver. fico em casa, descansando e pensando, armando milhares de coisas na minha cabeça para tentar uma aproximação. Fico bolando tudo em vão; sei que nada, nunca vai acontecer. É tudo uma ilusão barata.

E mesmo assim, não deixo de procurar o que fazer. Busco encher minha cabeça com os afazeres de casa. Passo o dia revirando o quarto, arrumando, e encontrando lembranças de uma época em que tudo poderia ter acontecido. Fecho o baú e retorno à organização: lavar roupa suja, cozinhar, organizar minha prateleira de cremes. Vou empurrando o dia, para de alguma forma, manter a cabeça ocupada.

O problema maior vem a noite. Quando fecho os olhos e mergulho nos meus sonhos. Ali encontro voce, do mesmo jeito, o Muso intocado de anos atrás, com os mesmos modos, só que hoje é mais frio, mais distante, menos perto de mim. Eu vejo voce nos meus sonhos, maldita hora de dormir. E voce sempre foge, sempre vai fugir, vai embora sem falar nada, e quando fala, joga toneladas de culpa nas minhas costas.

Um dia eu ainda vou encontrar uma maneira de não sonhar mais com voce, Muso. Eu vou me livrar dessa sua perseguição noturna. Vou dormir e acordar sem lembrar da sua existencia e isso vai ser bom. Um dia, eu ainda vou te dizer tudo o que aconteceu, e voce vai ter que me escutar e engolir, que eu também quis. E voce vai saber que a culpa não é só minha. E enfim, quando isto acontecer, neste dia, eu vou poder me deitar e dormir em paz.

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